Quando criamos a GARE, já éramos professores experientes. Já tínhamos trabalhado em vários modelos de ensino, já tínhamos orientado centenas de alunos em artes e desenho. Mas quando criamos a GARE tínhamos uma missão e sabíamos disso, e nesta missão uma responsabilidade. Uma delicada responsabilidade.

Você tem noção de que qualquer (sim, qualquer) ato seu, palavra, olhar, incentivo, crítica, pode desviar totalmente o propósito de alguém, por mais que esse alguém saiba o que veio buscar?

E como professor, como escola, você tem noção do quanto é delicado lidar com os sonhos dos alunos? Ainda mais numa área tão sensível, que mexe tão profundamente com questões não tão racionais, com questões que vão fundo encontrar a alma dessas pessoas que por aqui passam? Ensinar arte… na verdade não é um ensino convencional, não tem fórmulas prontas se você quiser de fato levar seus alunos a caminhar mais longe e mais livremente. E isso a gente sabe, isso a gente faz.

Todo encontro, cada aula, cada orientação permeia o aluno de uma maneira profunda, que nós aqui prezamos em lidar com delicadeza. Ensinamos sim, e muito! Mas ensinamos lidando com os conteúdos de cada um. E isso torna o aprendizado de uma riqueza inigualável e exige de nós uma sensibilidade maior.

miró escultura museu Barcelona
Escultura de Miró – museu Miró – Barcelona

Existe um conto que ilustra muito bem essa delicada responsabilidade:

“Todos os dias à mesma hora, um cossaco via um rabino caminhando em direção à praça principal. Um dia perguntou: – Rabino, para onde vai? O rabino respondeu: – Não tenho certeza. – Você percorre esse caminho todos os dias, nesta mesma hora. Certamente sabe para onde vai – disse o cossaco, que estava irritado. Quando o rabino respondeu que não sabia, o cossaco ficou furioso, depois desconfiado e, por fim, levou o rabino à prisão. Enquanto trancafiava a cela, o rabino o encarou e disse calmamente: – Está vendo? Eu não sabia. Antes do cossaco interceptá-lo o rabino sabia para onde estava indo, mas, depois disso, não. A interceptação mudou a progressão futura dos eventos.”

— Amit Goswami in “Criatividade Quântica”

Da mesma maneira, todos os dias temos a oportunidade de bem interceptar o caminho de nossos alunos. Com conhecimento, trocas com os profissionais que dão as aulas (sim, porque são todos profissionais atuantes em suas áreas), com soluções de questões trazidas, com sugestões de desenvolvimento na arte e no design. Aqui não se fabrica arte, aqui se cria caminhos, se orienta, e cada um desenvolve profunda e muitas vezes rapidamente sua própria linguagem, autêntica e inigualável.

E sim, a gente tem consciência disso, nossos professores tem consciência dessa delicada responsabilidade. E nos alegramos bastante por ver que os resultados tem sido gratificantes, que os alunos desenvolvem aqui e seguem seus caminhos. E seguem melhores do que entraram, esse é nosso desejo, nossa missão.

Mila Thiele – Diretora

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