O movimento artístico neoclassicismo surgiu no século XVIII, século conhecido como Século das Luzes, Idade da Razão, devido à influência do Iluminismo, movimento filosófico racionalista. O próprio nome do movimento, neoclássico, pressupõe um “novo clássico”, um novo olhar ao clássico. Mas o que seria esse “clássico”? De maneira resumida, a arte clássica se refere à arte da antiguidade clássica, a arte greco-romana, que trazia elementos como beleza, proporção, equilíbrio e simetria. Há as ordens arquitetônicas: dórica, jônica, coríntia, toscana e compósita. Esses valores também seriam resgatados na arte do renascimento nos séculos XV e XVI, com harmonia, clareza, serenidade, equilíbrio, proporção, humanismo, racionalidade, geometria, desenvolvimento da perspectiva e de técnicas de representação. O neoclássico olha para um passado idealizado, busca superar o passado, e ser uma oposição a movimentos como o barroco e rococó, que traziam características opostas aos movimentos clássicos, como a emoção sobre a razão, curvas, contraste de luz e sombra, dúvida, exagero, dramaticidade.
O Iluminismo está por trás da modernidade, de revoluções, como a Revolução Francesa, e faz uma crítica às autoridades, crítica às ideias e valores por trás da arte, autoridades essas representadas de um lado pela Igreja Católica, que seria o barroco, e de outro o absolutismo, que seria o rococó. Ou seja, criticar o barroco não é apenas fazer uma crítica ao movimento em si, mas também é fazer uma crítica à Igreja Católica, assim como criticar o rococó é fazer uma crítica ao absolutismo, à Versalhes, à autoridade absoluta de um monarca, do rei. Assim, o neoclássico, embora também seja um retorno à pureza clássica, acaba se diferenciado dos demais movimentos clássicos por se basear na república romana, mas não sendo uma imitação do antigo, há um novo modelo, a democracia moderna.
Nesse contexto, a razão é muito valorizada, é encarada como uma atividade, e como tal precisa ser exercida com vontade, assim como a tolerância, o autocontrole e a capacidade de se aperfeiçoar com as críticas. Há nesse período o progresso dos valores, da moral, da ética. É também nesse período, por exemplo, que o filósofo Rousseau teoriza sobre a liberdade, onde diz que o ser humano é livre inclusive para renunciar a própria liberdade, que ao renunciar à liberdade, o homem abre mão da própria qualidade que o define como humano.
Fazendo uma análise comparativa entre as ideais das autoridades (Igreja Católica + absolutismo) com as ideias dos iluministas, há, do lado das autoridades, as seguintes características:
- Exagero;
- Impõe: modelos, ideias, valores, regras, leis;
- Dependência e heteronomia: as pessoas não são iguais, há seres divinos;
- Fé como fonte da verdade;
- A verdade é revelada, iluminação que é externa, vem de Deus / Rei.
Já do lado dos iluministas, há as seguintes características:
- Apela ao autocontrole das ações;
- Propõe, não impõe;
- Autonomia: As luzes da razão está em cada ser humano;
- Cada um é dotado de razão, todos são iguais;
- Não há dom, graça, você luta para ser autônomo, independente, decisão própria, liberdade;
- Raciocínio: observação, pesquisa;
- Razão como fonte da verdade, que não é absoluta, precisa ser contestada.
Essas características, ideias e valores vão se fazer presentes na arte neoclassicista. Na pintura, por exemplo, há como tema a república, democracia, ideia de pátria, poder da razão, heróis antigos e força militar. A estética é contida e moderada, com mensagem ética.
Sócrates foi condenado à morte injustamente, fazia os alunos pensarem por conta própria. Poder da transmissão do conhecimento.
Napoleão comparado aos antigos Césares. Obediência à república. Herói moderno. Encarnação da força militar da república. Idealização heroica da figura.
Como curiosidade, observe abaixo as obras do pintor Caravaggio, um dos maiores representantes do barroco italiano, e observe como a temática das obras neoclassicistas se alterou. Os temas das obras de Caravaggio são temas religiosos ou mitológicos, dramático, com intenso contraste de luz e sombra, movimento, diagonais.
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Texto por Vinicius Salles – Arquiteto e Urbanista.
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