O depoimento abaixo, que acaba se mostrando um belo portfólio, foi enviado pela Cristina Lemos Marques, aluna do curso de Pintura.
No dia 31/7/2015, dia do meu cinquentenário, resolvi me dar um presente. Fui até a Gare, que ainda era na rua Áurea, e me matriculei no curso de pintura de ateliê. Estava de volta depois de mais de 10 anos parada.
Havia desenvolvido um trabalho bacana em acrílico, o projeto “Asas”. Eram telas com parciais de asas de borboleta. Já tinha uma inspiração nas asas e seu simbolismo tão comum. Associando ainda, às borboletas, rainhas da metamorfose. Enfim, depois desse projeto nunca mais havia produzido nada.
Quando retornei em 2015 estava absolutamente perdida e enferrujada. Aí entrou em cena o DNA da Gare. Trabalhar a expressão artística do indivíduo com suas experiências, agruras, amarras, potenciais e sonhos. É esse DNA que me encanta e me mantém na escola até hoje.
Mostro aqui o percurso nesses 5 anos, sempre orientada para chegar ao desenvolvimento de uma temática e um estilo próprios. O caminho é longo e árduo. E precisa ser acompanhado e muito bem orientado.
Essa foi minha primeira tela em 2015. Foram sugeridos alguns objetos para uma composição livre.
Fui apresentada a alguns pintores que tinham conexão com meu estilo e expectativas. Fiz uma releitura de Gustav Klint – acrílico sobre tela.
Foram várias releituras e trabalhos autorais sem expressão para mim, mas que certamente contribuíram no processo. Muitas tentativas de achar uma poética própria e um caminho de expressão.
Rolou até um auto retrato em técnica mista – acrílico e grafite sobre tela e papel vegetal.
Produzi uma série inspirada nas aves e sua relação com o humano e o natural.
Tenho paixão por pássaros… De novo as asas! Todas as telas produzidas em acrílica.
Quero destacar uma releitura de Van Gogh. Flores que figuram em diversas obras dele. Marcou minha migração para a tinta à óleo.
Pássaros e chaves se juntam para expressar vivências e sonhos de libertação.
Na pesquisa para o desenvolvimento da temática própria, realizei alguns desenhos em grafite:
O desafio foi transformar os desenhos em pintura à óleo. Dediquei quase um ano inteiro a isso.
Em 2019 encerrei a viagem por aves e chaves com essas três telas à óleo. A semente precisava germinar.
Com o apoio da Angela, minha querida professora nesses 5 anos, me lancei a um novo desafio. A aquarela. Desafio porque aceitar a fluência da água e abrir mão do controle que as outras técnicas permitem, me custam muito. O início foi muitas vezes frustrante, mas aos poucos fui aceitando o que precisava ser aceito.
Aí chegou a quarentena. Um novo desafio! Aulas on line. Para encurtar a história, fomos nos adaptando e o resultado é super produtivo. Amei todas as aulas! Elas mesclaram história da arte, técnicas de desenho e pintura e provocações para uma nova etapa no desenvolvimento do trabalho autoral.
Ainda durante a quarentena, dediquei tempo a complementar os estudos, especialmente de cores, me inspirando em Van Gogh – meu pintor preferido. Desenhos em lápis de cor e pastel a óleo sobre papel.
Encerrei o primeiro semestre com uma série de pinturas à nanquim e aquarela sobre papel. Foco total no processo criativo autoral. A busca permanente da temática e da linguagem próprias.
Asas que me levam à liberdade do outro. Nessa liberdade deve haver espaço para o vazio. Um vazio a ser preenchido pelo novo.
Incrível o caminho a percorrer! Mesmo depois de tanto tempo, a temática continua viva aqui dentro. Porém, com o conhecimento e a experimentação desses 5 anos, o resultado é diferente, estimulante.
Cristina Lemos Marques – aluna de Pintura. Professora: Angela Camata
Aproveitamos para agradecer a Cris por ter nos enviado este depoimento e por ter disponibilizado seu portfólio para publicarmos em nosso blog! Parabéns pelas suas produções, Cris! Continue caminhando!
Ainda não existe nenhum comentário para este post, adicione sua voz abaixo!